Comprar é bom, é gostoso. Adquirir um produto ou serviço gera, ainda que momentaneamente, satisfação e, com isso, felicidade. Cada vez mais as publicidades, sejam elas voltadas ao público em geral, ou dirigidas especificamente a um consumidor, vendem sensações, vendem felicidade.
Com essa oferta de sensações, desperta-se o desejo de comprar, seguido por uma emoção positiva, que pode levar à ação impulsiva. O que pode ser despertado por outras influências além da publicidade, como o ambiente de consumo (forma de disposição de produtos em shopping e mercados, até os cheiros em comércios), as redes sociais e até mesmo as nossas próprias emoções, por vezes também exploradas. Ao se identificar a presença de situações que despertam a ação impulsiva, podemos enfrentá-las.
E é importante que assim o façamos, uma vez que as compras, sejam as planejadas sejam as de impulso, têm impacto financeiro, sendo que ao comprar algo sem refletir, corremos o risco de comprometer nosso orçamento, acumular dívidas e até mesmo prejudicar nossa estabilidade financeira (seja a estabilidade já presente, seja aquela perseguida, ainda mais afetada por compras impulsivas). Portanto, é fundamental identificar se a compra é realmente necessária (para aquele momento ou se pode aguardar um momento futuro), se cabe no seu orçamento e quais benefícios serão oportunizados com aquela aquisição.
Noutro aspecto, algumas compras por impulso se dão por aparente preço baixo. Todavia, muitas vezes podemos comprar algo de qualidade inferior, pouco confiáveis, em sites desconhecidos e que podem sequer efetivamente existir. É comum encontrarmos promoções tentadoras que escondem produtos falsificados, adulterados ou de baixa durabilidade, ou sequer existentes (ofertados em sites fraudulentos). Antes de comprar, devemos também avaliar a reputação da empresa (no site consumidor.gov, por exemplo), ler avaliações de outros consumidores (fora do site da empresa, preferencialmente) e considerar se o preço realmente reflete a qualidade do produto ou serviço.
Ademais, temos que avaliar nossas compras para além das compras em si. Ou seja, seu o impacto ambiental. Os produtos carregam consigo recursos naturais e, claro, resíduos. Quando compramos por impulso, podemos contribuir com o desperdício (do dinheiro de nossa família) desses recursos naturais e para o aumento de resíduos. Antes de comprar, precisamos pensar também nisso. O produto tem origem (é de mercado local, com agricultura familiar, com economia solidária, sem exploração de mão de obra análoga à escravidão, com respeito ao ambiente) e também tem destino (qual a durabilidade do produto, as embalagens são ecologicamente adequadas). Com isso, além de economizar, ajudaremos o ambiente.
Se há problemas, como os acima narrados, por outro lado, há estratégias que podemos adotar para evitar essas compras por impulso. Uma delas é estabelecer um período de reflexão antes de fazer uma compra. Por exemplo, podemos nos dar um prazo para pensar sobre a compra, como 24 horas, porque se depois desse tempo nem lembrarmos da compra é porque não precisávamos. Além disso, a organização do orçamento doméstico, aliado a uma lista de compras com itens necessários para aproveitar futuras e eventuais promoções, podem ajudar. Com a lista organizada, podemos evitar distrações e tentações.
Com efeito, as compras por impulso podem trazer consequências negativas, pessoais, familiares, sociais (como o superendividamento do consumidor) e ambientais. Portanto, é essencial entendermos os riscos, conhecermos nossas fraquezas e adotarmos estratégias de enfrentamento. É o caso de priorizarmos a reflexão, o planejamento e a conscientização sobre nossas reais necessidades, com compras conscientes, capazes de não permitir que o aparente barato se torne caro. Como diz o ditado: nem tudo que reluz é ouro…
por Flávio Caetano de Paula Maimone
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